Cena São Luiz Especial - Artistas da Praça
Antes da pandemia, quem ia ao Cineteatro São Luiz era surpreendido pela efervescência artística da Praça: música, performance, estátua viva e dança, são só alguns exemplos da diversidade artística e diária do local. Com o objetivo de trazer essa lembrança, esse estar na Praça do Ferreira, o ir ao Cineteatro São Luiz e também tendo em vista a forte relação entre a “Casa de Arte” e os artistas da Praça é que a edição deste domingo do Cena São Luiz é com os artistas da Praça.
Sobre os artistas:
➜ Wagner Gonçalves é escritor, ator, performer e integrante do Coletivo Arruaça. Em seu monólogo ‘Estourou’, o artista descreve a experiência de quem é obrigado a esperar caridade, ao mesmo tempo ele coloca em cheque a “caridade” que, de acordo com o mesmo, afasta e segrega.
Ainda jovem, Wagner deixou sua casa movido por uma depressão profunda. Morou nas ruas do centro de Fortaleza e presenciou diversas violências. Sua história mudou quando conheceu o teatro e a poesia.
➜ Chris Rodrigues se denomina bixa, preta, poeta marginal, líder comunitária e educadora social. Incentivada por amigos a escrever suas frustrações e pensamentos sobre os mais diversos assuntos, Chris descobriu a potência de sua poesia e passou a declamá-las nos ônibus da cidade em busca de acender fagulhas de esperança e amor. Hoje é a atual bicampeã do Slam Violeta (campeonato cearense de poesia falada).
➜ A dupla Yorge e sua cachorrinha Jasper, mais conhecida como cachorrinha artista, é celebridade da Praça do Ferreira.
Em 2014, Yorge assistiu a Copa do Mundo no Brasil e decidiu, junto a sua esposa, mudar-se para o país em busca de melhores condições de vida. No mesmo ano, atravessaram a fronteira e seguiram até a capital manauara, onde viveram anos em situação de rua. No Cena São Luiz, ele conta que foi presenteado com a cachorrinha Jaspen por ter oferecido comida a outros moradores de rua. De lá, seguiu para Fortaleza e hoje performa estátua viva com sua cachorrinha. Seu sonho é um tanto curioso, é ter uma estátua de verdade sua e de sua cachorrinha na Praça do Ferreira. “Estátua de um imigrante venezuelano que se descobriu fortalezense. Uma estátua, assim como a do Dragão do Mar, de bronze, de um pescador e sua cachorrinha marcando sua história na praça”, afirma.
➜ Eduardo Show da Vida nasceu no interior da Bahia, teve complicações com paralisia infantil e tornou-se cadeirante. Depois de tanto rodar pelas ruas apenas com a força dos braços, percebeu que tinha potencial para fazer shows de acrobacias em sua cadeira. Hoje, com seus 50 e poucos anos, dá um verdadeiro show de força e bom humor, com acrobacias e quebrando cocos das formas mais inusitadas.
➜ Jonas Andrade aprendeu a tocar violino em um projeto social em seu bairro. A música tornou- se um dos seus meios de expressão e principal aliado quando sofreu de depressão. Hoje, o estudante de música na Universidade Estadual do Ceará (UECE) e membro da orquestra da universidade, também toca nas ruas, para financiar seus estudos e tocar com sua música as pessoas que transitam pelas praças do Centro da cidade.
➜ A história do Palhaço Colorau começou a se escrever na meninice de Jussier da Silva, no teatro improvisado com os nove irmãos no quintal da casa, em Juazeiro do Norte. Quando o projeto social Escola de Circo Barraca da União chegou à cidade, Jussier deu início à sua formação nas artes circenses. Malabares, monociclo, perna de pau, tudo foi aprendido, mas a escola não o ensinou a ser palhaço. “Palhaço não se aprende. Palhaço a gente tem de nascer com o dom”, afirma o artista. Um dos últimos e resistentes palhaços de rua de Fortaleza, Colorau fala da luta cotidiana para atrair a atenção do público e sobre a situação em que se encontra em função da pandemia.
➜ Palhaço Pitchula é conhecido por misturar as trapalhadas da palhaçaria com a precisão do malabarismo, em um verdadeiro show de equilíbrio, bom humor e diversão.
Ainda novo, conheceu o grupo garajal de palhaçaria, na época não tinha interesse em palhaçaria mas na bolsa de 120 reais para alunos do curso de circo. Logo se inscreveu. A paixão cresceu mesmo quando começou nos malabares e acrobacias. Ao final do curso continuou a frequentar o grupo e logo se tornou pupilo de Maninho, coordenador do grupo. Nesta edição do Cena São Luiz, Pitchula conta sobre o mundo que descobriu e redescobriu viajando para festivais de circo, suas apresentações nas ruas e praças e as técnicas para atrair a atenção dos transeuntes e lhes arrancar gargalhadas.
● Este projeto tem correalização da Fundação dos Amigos do Theatro José de Alencar, é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura - Lei nº13.811, de 16 de agosto de 2006, e faz parte das atividades de comemoração do equipamento pelos seus cinco anos de reabertura.